Sendo curiosa de carteirinha e por ser alimentada de histórias, conteúdos e estudos sempre fui fanática pela Era de Ouro de Hollywood mas além de sempre procurar e de me inspirar com itens sobre o tema, tenho testado outros tipos de gêneros como a época dos filmes mais sombrios e estética mais dark - a Era Noir.
Esse período do cinema, que ocorreu entre 1940 e 1950, ficou conhecido por terem seus filmes na estética do preto e branco, ambientadas em áreas urbanas, servindo romances dramáticos, muito suspense, casos policiais, investigação e vícios. Em relação aos personagens, os homens geralmente interpretavam as autoridades mas também faziam papéis que possuam caráter dúbio, de forma cínica, deixando dúvida aos telespectadores sobre suas pretensões. Já as mulheres, muitas vezes exerciam o papel da Femme Fatale - as vilãs da trama que exaltavam sensualidade, mistérios e que poderiam ameaçar o vigor da classe masculina.
Mesmo sendo denominadas como Femme Fatales, as mulheres nas obras não se davam por satisfeitas com as classificações da sociedade, enfrentavam o sistema, repudiavam os preconceitos e nunca deixavam de lutar pelo o que desejavam.
Os anos se passaram e essa visão sobre a classe feminina nas obras cinematográficas e no âmbito social sofreram mutações - foram algumas mas não tantas como deveriam. Com o tempo nós fomos nos transformando no estereótipo denominado no gênero Noir, conseguimos nossa autonomia, autoridade, liberdade e fuga de redomas que nos cercavam.
Nesses últimos tempos, estou aproveitando para assistir (pela primeira vez) todas as temporadas de “Sex And The City” e adoro ver o quanto as questões abordadas e argumentadas na série fazem sentido e estão presente até hoje no coletivo. Em um dos episódios, Carrie comete o erro de trair seu atual namorado, Aiden, com seu ex, Big, que na época estava casado com Natasha. Após o desenvolvimento do capítulo e depois de ter retomado ao estudo sobre o gênero Noir, fiquei me questionando.. Estaríamos nós, mulheres, cada vez mais nos tornando Femme Fatales?
A pergunta não está relacionada a traição da protagonista mas sim, em todo o contexto em que “Sex And The City” se passa - quatro mulheres, bem sucedidas, donas de sua liberdade e prazeres, livres para cometerem erros e principalmente, lutando pelo que desejam. Com a retomada e descoberta da geração z com a saga, estaríamos nós criando novos meios para a reestruturação das mulheres sendo ainda mais indomáveis, independentes e fiéis ao que acreditam?